terça-feira, 22 de março de 2011

Resquícios

Andei nos últimos dias a pensar se haveria de dar continuação a esta coisa. Agora que se foi a inspiração africana, agora que deixei um pedacito de mim por terras vermelhas e trago um pedacito de terra vermelha comigo, valerá a pena insistir neste ego-blog? O problema é que o dedo já ganhou gosto à tecla e aquele sentimento de convicção de obrigatoriedade já invadiu a minha consciência. Estou para me decidir.

O regresso, seja de onde for, é sempre difícil. Pelo menos para quem parte com Alma. Há sempre histórias inacabadas, há sempre aventuras por acontecer, há sempre sítios a que não fomos e há sempre gente que fica lá.

Há quem diga que é mais difícil para quem fica. Talvez. Mas a vida também não é fácil para quem parte. Especialmente se estiver frio à chegada. Valha-me a botija de água quente.

Lá voltei a apanhar o autocarro para o trabalho e enquanto subia para o moderno veículo cor-de-laranja arrependi-me amargamente nunca ter andado de candongueiro, o azul e duvidoso transporte colectivo mais utilizado em Luanda. Durante dois meses vi-os a passar ao meu lado (por vezes demasiado perto, quase levei uma lambada do retrovisor na cara) e nunca tive a coragem de lá entrar.

"Aeroporto, aeroporto!"

Era o destino. Nunca mais me vou esquecer deste pregão. O motorista, com a cabeça de fora e o braço esquerdo a espancar vigorosamente a porta daquela lata velha para anunciar a chegada e o percurso. Do outro lado, o "co-piloto" fazia o mesmo.

Haveria certamente outros destinos, mas este foi o único que ouvi.

Mais uma aventura por acontecer, seguramente, com muitas histórias inacabadas.

Entro no edifício. Habituada à boa disposição das gentes de Luanda, arrisco um sonante

BOM DIA

A resposta foi



qualquer coisa que não percebi. Se calhar nem era para mim.

Lar, doce lar.

E vêm-me à memória imagens como estas



"As cascatas" (deixo à imaginação de cada um perceber porquê)





"Luanda vista da Ilha"




 O Candongueiro (este era dos novos - um verdadeiro luxo)




O Banco Nacional de Angola 




O início da marginal




Nada. Ou vá, qualquer coisa.




As vistas do quotidiano.


Nem tudo era maravilhoso. Mas também não tinha que ser.







7 comentários:

G disse...

Adoro ler-te!

Li disse...

Entranhou-se não foi...

Beijinhos

Nuno Dias disse...

Priminha,como te disse no Domingo é delicioso ler este teu blog.
Continua por favor.
Beijos.

Nuno

Ricardo disse...

Tenho nos favorites uma lista de blogs por onde passo quase diariamente.

O teu está em primeiro, à frente dos blogs das biclas!!

bjs

RF

Lena disse...

Parar??? Jamais - como dizia o outro. Escreves muitíssimo bem... com muita Alma. Continua.... que vais tendo cada vez mais fãs.
Beijinhos

Tiago disse...

Acho que nao deves parar mas o que devias era programar ja a proxima viagem.

Unknown disse...

Muito obrigada a todos!! Um grande beijinho!