sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tango em Luanda

Já pronta para ir para a cama, sentei-me cá fora nas escadas para fumar o último cigarro do dia (para não deixar ninguém preocupado, entre as escadas e a "rua" existe um muro e uma vedação vigiadas por um segurança. Posso fumar ali à vontade e até posso fazer o pino que ninguém me incomodará). Tenho a dizer que é particularmente agradável sair porta fora, já depois das onze e meia da noite e sentir aquela brisa morna que em Lisboa só sente em tardes demasiado quentes de Verão. Mas aqui é todo o ano.

Foi depois de acender o cigarro que comecei a ouvir, não muito longe, o som de um piano, seguido do que me pareceu ser um contrabaixo e um bandonéon (acho que é assim que se diz e espero que seja assim que se escreve). Não percebo nada de música, mas ainda consigo identificar um tango, graças à colecção interminável de música argentina que o meu Pai guarda em casa. Sim, Papá, eu ouvi muitas vezes esses cd's e continuarei a ouvi-los enquanto não estiverem riscados. E gosto.

Não posso jurar que era tocado ao vivo, mas posso imaginar. Na memória ficará a imaginação.

Segundos depois ouve-se "um...dois...três...quatro...". Era uma aula. Uma aula de tango mesmo ali ao lado. Ainda espreitei e estiquei-me toda do patamar das escadas mas infelizmente não consegui perceber de onde  viria exactamente a melodia. Não era de bom tom ir para a rua de camisa de noite, por isso resolvi sentar-me.

E sentada continuei a ouvir um tango, a sentir uma brisa abafada e olhar para um prédio semi-reconstruído e semi-abandonado - mas habitado - que se vê do cimo das escadas. Foi um momento que teve tanto de burlesco como de decadente, mas que me fez sorrir.

1 comentário:

camaleoa disse...

Ahahaha..
Qual tango qual quê moça...
Aqui é KU-DU-RU memu.....
Ahahaha