sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Adoro

esta crise. Adoro a Lehman Brothers, os toxic assets, o Sócrates, o défice, a dívida pública, a Troika, a Angela Merkel, o desemprego, o (des)crédito e por aí a fora. Apetece-me abraçá-los a todos muito abraçadinhos, muito apertadinhos, muito aconchegadinhos até ficarem roxinhos roxinhos a espichar cérebro pelo nariz (ou o que raio houver naquelas cabeças). Sim, porque os toxic assets também têm nariz (daqueles aduncos e verrucosos) e se não tiverem invento-lhes um só para ter este prazer.

Também adoro a comunicação social. Estas verborreias noticiárias que só nos fazem sentir ainda mais pena de nós próprios. Cada Português já tem um Velho do Restelo dentro de si quando nasce. É-nos infundido um fenótipo saudosista, melancólico e pessimista no momento da concepção, uma espécie de pack "Alma + Velho do Restelo" pelo preço de um. Aproveitámos a promoção divina nas épocas áureas. Não é preciso qualquer ajuda para a fustigação mental.

Ainda ontem numa reportagem da TVI perguntava-se aos utentes dos transportes públicos o que achavam do aumento dos passes sociais. O que acham? O QUE É QUE HAVERIAM DE ACHAR?
"Ai não, eu ADORO pagar mais pelo mesmo serviço. Se há coisa que eu gosto é de pagar mais para ficar exactamente como antes. Aumentem-me os preços e fazem-me uma pessoa feliz..." Rai's parta tanta idiotice.

Mas se há coisa que adoro MESMO são as greves. Uiiii! Pelo-me toda por uma greve daquelas. Dá-me vontade de abraçar os sindicatos, as uniões sindicais, os trabalhadores aderentes e arrancar-lhes a cabeça à dentada. E mastigar bem, para não causar indigestão.

Devem ter sofrido uma lobotomia frontal quando eram pequeninos. Só pode ser. Não há outra forma de explicar porque é que não têm consciência que perdem mais do que ganham. Não há dinheiro. Vou repetir: não há dinheiro. Não há dinheiro para os subsídios, para os aumentos de salário, para mais benefícios sociais, para as horas extraordinárias ou para o que quer que inventem que precisam.

Têm emprego? Sorte a vossa. Parem de prejudicar ainda mais o País. Cada dia de greve (seja qual for o sector) causa MILHÕES de euros de prejuízo, não só ao sector como à economia nacional num todo. Dinheiro que serve exactamente para vos manter nesse emprego.

Que tal pararmos todos de apontar o dedo? De enxotarmos a responsabilidade aos políticos e aos governos (que mais não são a expressão da irresponsabilidade invidual de cada um) e olharmos para o nosso exemplo? Quantos não viveram acima das possibilidades? Quantos não pediram empréstimos, créditos ao consumo, hipotecaram casas, carros, o futuro dos nossos filhos só para parecerem que têm mais do que na realidade têm? É altura de parar com a hipocrisia e a cobardia e assumirmos, individualmente, a nossa quota parte de responsabilidade.

E se o estado das coisas leva a decisões governamentais pouco humanizantes, compete-nos a nós, a cada cidadão, humanizar a sociedade. Morrem idosos sozinhos em casa e ninguém dá por isso. É nossa responsabilidade enquanto seres humanos, independentemente da cor política, religião ou nacionalidade, prevenir essa hecatombe. É em alturas de crise que se manifesta o melhor e o pior de uma sociedade. De que lado queremos estar?

De resto, já estou fartinha fartinha de ouvir falar neste assunto. Até porque é uma constante na sociedade portuguesa. Começou com a crise de 1383-1385, período em que não houve nem Rei nem roque. Diz-se que acabou em 1385, mas a mim parece-me que ainda perdura...

Da minha parte, só tenho um apelo a fazer às entidades governamentais: leiam "O Príncipe" de Maquiavel. Aliás, todos deveríamos lê-lo.

Este País é um colosso!





1 comentário:

Tiago disse...

Hei tens de animar... de certeza q tens mais coisas boas do q coisas mas na tua vida!!
Nao ha nada como uma caipirinha a ver o por do Sol no Meco ;)
Beijocas